Parece ser apenas questão de tempo. O grande público deve descobrir logo a música de Emerson Leal. 

O cantor e compositor baiano de 39 anos, radicado em São Paulo depois de dez anos no Rio, tem apelo para o sucesso nacional, porque é a grande revelação de letrista na MPB.

Seus versos de pop sofisticado destoam da poesia rasteira que recheia as playlists no mercado. Não por acaso, atraiu a atenção de quem já faz boa música. Chico Buarque esbarrou nas canções de Emerson na internet e registrou elogios. Tom Zé e Luiz Tatit gostaram a ponto de partirem para parcerias com ele.

Seu trabalho está em dois álbuns, “Emerson Leal” (2012) e “Cortejo” (2016). Músicas suas também constam no repertório do Três Quartos, projeto com os também cantores e compositores Julia Bosco e Gustavo Macacko. 

E é no palco que Emerson volta a mostrar serviço, no lançamento de “Ao Vivo no Rio”. Oficialmente, são quatro faixas, um EP virtual. Mas uma busca no YouTube traz outras canções gravadas no show no teatro Sergio Porto.

“Esse projeto nasceu dos shows de lançamento do ‘Cortejo’, que traziam duas músicas que eu não tinha gravado”, diz Emerson à Folha. As músicas eleitas para o EP são “Vai que Dá Certo”, “Sugar Baby”, “Um Samba Inacabado” e “Na Frente da Tela”. Ele é acompanhado pelo trio Rafael Camacho (guitarra), PH Rocha (baixo) e Pitito (bateria).

O destaque é “Vai que Dá Certo”, canção irresistível que Ana Carolina adotou em seus shows. Bossa com ecos de surf music, lembra o melhor de Lulu Santos nos anos 1980.

“Ela tem um lado engraçado de falar de uma pessoa que foge da chance de felicidade. Tenho preferência por canções que conseguem ver graça nas coisas”, diz o cantor.

“Três músicas falam de relacionamentos que não dão certo. Na única em que o amor se resolve, ‘Na Frente da Tela’, as pessoas se relacionam pelo computador. Não pensei nisso antes de escrever, mas acho que diz muito sobre este tempo que está aí, não?”

Depois do lançamento virtual, Emerson planeja gravar um terceiro álbum. “Artistas estão lançando singles, mas cresci com os LPs. Um conjunto de canções como produto final, apesar das dificuldades de comercialização.”