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Guarda-Rios: encontro promoveu uma profunda reflexão em torno da profissão

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O Porto recebeu o primeiro Encontro Nacional de Guarda-Rios, promovido pela Águas e Energia do Porto (AEdP). A importância da profissão na atual realidade das cidades e no combate às alterações climáticas e a sua clarificação, enquanto uma nova categoria da função pública, foram os principais temas em cima da mesa, num encontro em que o Município de Leiria anunciou já estar disponível para a organização da segunda edição do evento.

O encontro reuniu guarda-rios de todo o país e entidades de âmbito municipal, intermunicipal e nacional, numa partilha de experiências e reflexão sobre o presente e o futuro da profissão. A sessão de abertura contou com a intervenção do vice-presidente da Câmara e presidente do conselho de administração da AEdP, que referiu o enorme esforço que o Município do Porto tem feito para a renaturalização das linhas de água do Porto e para as trazer à superfície quando isso é possível.

Filipe Araújo citou como exemplo o rio Tinto, “um dos passivos ambientais mais críticos da região na altura, que num esforço conjunto com Gondomar, com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e com diversos stakeholders conseguimos reabilitar. Hoje já tem biodiversidade, já tem pessoas a percorrê-lo e a poder usufruir das suas margens”.

Referindo-se às dezenas de quilómetros de linhas de água que atravessam a cidade, entubadas e à superfície, o vereador do Ambiente enalteceu o trabalho dos guarda-rios que garantem a manutenção da qualidade e a sua constante monitorização. “Valorizo muito o trabalho dos nossos guarda-rios. É, de facto, uma atividade que tem de ter a colaboração das pessoas. A lógica não é só o guarda-rios ser o responsável. Somos todos”.

“A atividade de quem exerce esta profissão é também sensibilizar e ouvir a população, porque, muitas vezes, é ela que nos vai ajudar e nos dá até as indicações necessárias para podermos acudir a outro problema e aí, sim, iniciarmos uma investigação posterior”, acrescentou.

Leiria pode receber segunda edição

O presente e o futuro da profissão foi abordado em muitas das intervenções, nomeadamente no que diz respeito às suas competências e atividades. Guarda-rios, vigilantes da natureza ou até sapadores, são muitas as designações utilizadas, que mudam conforme a região ou entidade a que pertencem, e que dificultam a sua categorização, nomeadamente em organismos públicos. A insuficiência de recursos humanos na profissão face à enorme área a fiscalizar e as inúmeras atividades paralelas que estes profissionais têm de realizar em municípios mais rurais, dificultam o seu foco no trabalho de fiscalização das linhas de água.

Este primeiro Encontro Nacional de Guarda-Rios contou com a participação dos municípios do Porto, Lousada, Leiria e Cascais, bem como da Lipor e da Região Hidrográfica do Centro/APA.

A importância da partilha de experiências e diferentes realidades a nível nacional foi enaltecida por todas as entidades e instituições presentes, levando mesmo o vereador do Ambiente da Câmara de Leiria, Luís Almeida e Lopes, a anunciar, no final da sua intervenção, a vontade de organizar a segunda edição deste encontro, naquela cidade, em 2024.

Os guarda-rios do Porto

Recorde-se que a Águas e Energia do Porto recuperou a profissão de guarda-rios em 2017, com efeitos visíveis logo nos primeiros meses de intervenção, através da vigilância e manutenção das linhas de água do Porto. Em março de 2023, o Governo demonstrou interesse em reativar a profissão.

Antes, em 2020, a empresa municipal, em parceria com o Município do Porto, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e a Agência Portuguesa do Ambiente, tinha apresentado uma candidatura ao programa de financiamento EEA Grants 2014-2021, com o objetivo de desenvolver o Plano de Valorização e Reabilitação das Linhas de Água do Município do Porto (PVRLA).

O PVRLA tem como objetivo principal promover a proteção e valorização dos rios e ribeiras da cidade do Porto com vista a uma melhor adaptação aos efeitos das alterações climáticas e à diminuição da vulnerabilidade do território, constituindo uma medida de adaptação local alinhada com a Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas (EMAAC) do Município do Porto.