Vitória Pereira, 14 anos, aluna do 8º da Escola Básica e Secundária Dr. Ferreira da Silva, em Cucujães, bem pertinho de Oliveira de Azeméis, desdobrou-se literalmente em duas para o vídeo com que tenta convencer os seus colegas de que Harry Potter e a Pedra Filosofal é o livro em que devem votar nas eleições dos livros mais fixes dos miúdos portugueses. Ela é primeira a aparecer no vídeo que criou, juntamente com os colegas Carolina, Leandro e Filipe – e é também a segunda pessoa a aparecer, mas encarnando uma personagem diferente, numa troca de argumentos e contra-argumentos sobre a história escrita por J. K. Rowling.
Foi um verdadeiro trabalho de equipa, desenvolvido durante várias tardes, não só nas aulas mas também em casa, onde fizeram parte das gravações: uns escreveram o guião, outros filmaram, outros editaram, outros postaram nas redes sociais. «Também fizemos dois cartazes e temos uma conta de instagram, que partilhamos com a equipa de O Principezinho onde vamos postando o que fazemos», explica Vitória durante a entrevista por zoom com a VISÃO Júnior.
Já a equipa do 8ºC que está a torcer para que O Recruta seja o livro com mais votos decidiu também produziu um vídeo, mas filmou durante quatro dias em vários locais diferentes da escola, na rua e em casa de alguns alunos. Todo o grupo (Maria Santos Silva, João Novo, Sofia, Luísa Barnabé, Telma, Rodrigo, Duarte Rodrigues, Ruben e Raquel) colaborou, entre cenários, figurinos, guião, gravações e edição neste vídeo que apresenta as personagens do livro de Robert Muchamore de uma forma muito original. «Eu já conhecia a coleção, e quando vi a lista dos livros que vai votos no 3º ciclo, propus a um grupo que o apoiassemos», explica Maria Santos Silva.
E do erro nasceu um desafio!
O grupo que apoia O Recruta não se ficou pela produção do vídeo – apesar da enorme trabalheira que lhes deu, como reconhece João Novo durante a conversa com a VISÃO Júnior. «Quando não tenho nada para fazer, costumo fazer vídeos, mas é a primeira vez que faço um edit para outras pessoas», explica. «Foi uma excelente experiência, fora da caixa. Se não fosse a professora [de Português, Marta Miranda], nunca teríamos avançado.»
Avançaram – e de que maneira! Sofia gravou um podcast. Maria construiu em casa um objeto para simbolizar o livro. «Disseram-me que eu era um bocado maluca», conta Maria. «Usei cartão, bases de madeira e papel mache. Construi o símbolo da Cherub em cima de uma explosão. Foram duas semanas de trabalho em casa!», acrescenta, para contar a seguir: «Quando estava a trazer o trabalho para a escola, vieram-me perguntar se tinha alguma coisa a ver com a guerra na Ucrânia.»
A escultura de Maria está agora na biblioteca. Ao descobrir um erro na forma como tinha pintado o símbolo da Cherub, logo a professora Marta Miranda teve uma ideia: lançar um desafio para ver quem descobria o erro. Ao lado da escultura há agora um local para deixar a resposta, e no final saber-se-á quem ganhou. «Aqui não há problemas, só há soluções!», diz Olga Maciel, a professora responsável pela biblioteca.
E como não há duas sem três, os apoiantes de O Recruta gravaram ainda uma canção! Com a ajuda do professor de Formação Musical (são alunos do ensino articulado), escreveram a letra. Duarte compôs a melodia, que gravou ao piano, baixo, bateria e guitarra, um autêntico homem dos sete instrumentos! Podes ouvi-la aqui:
Eis a letra da música:
Estratégia diferente para ‘Principezinho’
Luana, André, Laura, Maria e Martim seguiram uma estratégia diferente para defenderem o seu livro. Decidiram conquistar os potenciais eleitores com um vídeo só com desenhos, no qual vão contando a história de O Principezinho. Alguns já o tinham lido e resolveram apoiá-lo por ser um livro conhecido, com possibilidades de ganhar, explica Luana. «Foi um maneira de convivermos entre nós e de conhecermos o livro – eu não o conhecia, por exemplo», diz André. «Foi uma experiência divertida. Foi muito stressante, mas também deu para descontrair dos outros trabalhos.»
Sem rivalidades
«Entre os vários grupos não há rivalidades», continua André. A professora de Português, Marta Miranda, confirma: «Ajudaram-se mutuamente.». «Enquanto professora, e estando eles habituados a fazer atividades, devo dizer que foi um prazer enorme, mesmo enorme, ver o empenho e a criatividades destes alunos! Acho que são projetos muito bem conseguidos, com muito trabalho extra fora da escola, e não deixaram nada para trás. Estou muito orgulhosa e feliz!»
Já a professora responsável pela biblioteca, Olga Maciel, elogia, além do trabalho dos alunos da EB 2,3 Ferreira da Silva, a iniciativa ‘Miúdos a Votos’, que chama «dois em um»: «permite o desenvolvimento de competências técnicas digitais e, ao mesmo tempo, trabalhar a cidadania.»
Os cartazes
De todos os livros que vão a votos no terceiro ciclo, há ais dois que têm apoiantes na EB 2,3 Ferreira da Silva. Eis os cartazes que os alunos criaram: