VIVA A REVOLUÇÃO!
25 DE ABRIL SEMPRE!
No sábado passado, muitas amigas e amigos do Paulo juntaram-se no Teatro da Voz para tocar e homenagear o amigo e grande músico improvisador.
O meu amigo saxofonista, flautista, compositor e improvisador Paulo Curado, deixou-nos ontem.
Foi o meu braço direito na banda IDEFIX com a qual fizemos imensos concertos nos anos 90 e gravámos um disco ao vivo no Hotel Clube. Colaborámos também em algumas bandas sonoras para dança e, em todos os momentos, o Paulo dava tudo o que tinha e era um poço de ideias melódicas instantâneas e infinitas que eu tanto invejava! Articulava aquele discurso todo com uma facilidade e espontaneidade arrasadora e um som que era só dele. Foi um privilégio ter contado com o Paulo na minha vida e ter tocado com ele!
Já está em bandcamp o EP "para GUST 9723" com música que fiz para a remontagem da peça coreográfica de Francisco Camacho.
Contei com a participação dos meus companheiros de sempre Mário Franco (contrabaixo e baixo eléctrico), Alexandre Frazão (bateria) e André Tavares que gravou, editou e fez a masterização.
Foi um desafio pegar em música que tinha feito em 1997 e trabalhar a partir daí. Nunca tinha feito nada parecido: nalguns momentos tocámos por cima das faixas originais e noutros regravámos tudo com novas versões e novas composições. Queria muito que se sentisse espontaneidade no resultado, que não soasse demasiado a música de estúdio gravada pista após pista. Não planeei demasiado as coisas e de repente, ali estávamos os três a tocar sobre faixas pré-gravadas de 1997, caixas de ritmos e sintetizadores sequenciados. Recorri ao DrumKid - um gadget fabuloso que gera ritmos aleatórios a partir dos parâmetros que quisermos e que funciona como um segundo baterista (electrónico) - e aos sons do garageband. Foi um dia inteiro de gravações e um processo muito divertido e surpreendente que se sente quando se escuta. Era precisamente essa dimensão mais humana que queria acrescentar aqui e ali a alguns momentos da gravação original de 97 (que tinha sido feita em casa, sobretudo com samples e electrónica).
A captação e mistura do André Tavares foi muito importante e decisiva para o som final que obtivemos que está entre o rock sinfónico, progressivo e o fakejazz, com toda a pujança e décibeis que precisávamos para abrir e expandir a paisagem cenográfica da terra para o espaço.
É para se escutar num volume alto. Boa viagem!
Ontem montou-se no Teatro da Voz o cenário de "Casio Tone" dentro do qual a Sílvia Real vai reaparecer como Sra. Domicilia.
Foi emocionante ver reacender, passado tanto tempo, a caixa de luz com a qual eu, a Silvia, o Carlos Bártolo, o Carlos Ramos e a Ana Teresa viajámos pelo mundo fora nos anos 90.
"Casio Tone" é a peça que oficializa o nascimento das Produções Real Pelágio em 1997 e que em 2024 vai conhecer uma reprise!
Quando olhei para o cenário de pé, desvaneceram-se todas as dúvidas que tinha quanto à pertinência de remontar esta peça tão antiga: ela vai voltar a fazer mossa e a dar que pensar!
Viva CASIO TONE REPRISE !
Sábado 28 foi em Canha no salão dos bombeiros da localidade e no dia seguinte, na Casa da Música Jorge Peixinho no Montijo.
A primeira sessão foi com "Não se deixem enganar! - um conto panfletário de 2019". Fomos muito bem recebidos, como sempre, pela equipa da companhia Mascarenhas Martins - Julieta, Tiago, Daniel, Levi e Maria - que organizou este conjunto de apresentações no concelho (que incluiu também Pegões em Abril passado).
Não é fácil convocar público nestas incursões por localidades com menos ou nenhuma regularidade de programação cultural, mas é isso mesmo que a companhia do Levi e da Maria Mascarenhas Martins está a mudar. É preciso persistência e tempo e por isso tivemos pouco público nesta sessão. Mas as HM têm viajado por todo o lado e em condições e paragens mesmo muito diferentes por isso estamos muito habituados a arriscar e sempre dispostos a participar nestas iniciativas pioneiras. Vale sempre a pena!
No Montijo, já foi diferente e apesar do Domingo chuvoso, tivemos o número ideal de reservas para a nossa apresentação e o auditório da Casa da Música Jorge Peixinho revelou-se perfeito para as HM.
A história foi "Made in Osvaldo" e não me lembro da última sessão que fizemos em que mães, pais e avós se tenham envolvido tanto nas actividades do atelier! Fizemos a história na penumbra e depois, no atelier, abrimos a cortina de fundo de palco que esconde a enorme vidraça com vista para o jardim e por onde entrou uma luz linda.
Depois da conversa sobre o Osvaldo e os seus amigos e o contexto que os levaram a ter de inventar e construir os seus próprios brinquedos com quase nada, passámos à construção dos nossos modelos e partilhámos técnicas muito simples que permitem construir brinquedos muito divertidos, sólidos e resistentes.
Acho que fomos muito bem sucedidos desta vez na ligação entre a música, a narração/tema da história e a construção dos brinquedos. Escutar, pensar, construir e brincar. Tudo em 90m!
Obrigado a todes e até à próxima!
Aqui ficam algumas imagens da nossa passagem ontem pelo Auditório do Solar da Música Nova em Loulé onde apresentámos "Made in Osvaldo" no Festival Política.
Concluímos assim a nossa participação neste festival com sessões em Lisboa (cinema São Jorge), Coimbra (Convento São Francisco) e Loulé (Solar da Música Nova). Podem espreitar aqui na RTP2 aos 4'18 uma pequena reportagem sobre a nossa passagem por Coimbra realizada pela Esec TV.
Obrigado a todes!
Regressámos ontem a Lisboa depois de 3 dias em Évora onde apresentámos “Não se deixem enganar! - um conto panfletário de 2019” na Biblioteca Pública de Évora (1 sessão), na EB1 do bairro de Almeirim (2 sessões) e no pavilhão multiusos da aldeia de Vera Cruz (1 sessão).
Obrigado ao Rafael Leitão e à Nélia Pinheiro - Companhia de Dança de Évora - que mais uma vez nos convidaram a apresentar as HM e também à incansável Vanessa Paraíba que nos acompanhou em todas as sessões.
As HM foram imaginadas para circular entre espaços diferentes num curto espaço de tempo, neste caso uma biblioteca, uma escola e um pavilhão multi-usos de uma aldeia, adaptarem-se rapidamente e garantir que todas as apresentações acontecem sempre com a melhor difusão sonora e que nenhuma palavra ou som saem prejudicados.
Desta vez foram 4 turmas que assistiram em Évora e, na aldeia de Vera Cruz, as cadeiras encheram-se maioritariamente com muitos idosos e idosas que não faltam às iniciativas culturais promovidas pelo simpático e energético presidente da junta, o Sr. Nelson Miranda.
E assim ficámos a conhecer também a história do Sr. Armando Costa, marceneiro reformado, que no tempo do fascismo e depois de uma permanência em Paris, regressou a Portugal de combóio com uma mala de madeira construída por si e cheia de discos e poesia proibida em Portugal: Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Manuel Alegre, entre outros. Escapou à detenção porque a sua mala não levantou suspeitas aos funcionários da fronteira de Vila Viçosa e não foi revistada.
Este senhor foi também mobilizado para a guerra em Angola onde ficou 2 anos em pleno mato.
E ali esteve connosco grande parte da tarde, com um sorriso lindo no rosto, a escutar a nossa história e a enriquecê-la com as suas.
Foi também a primeira sessão onde contámos com a presença de um cão que, sem a dona se aperceber, tinha seguido o carro desta desde lá de baixo da aldeia e, um pouco atrasado, lá chegou ao lugar, conseguiu entrar e deitar-se feliz aos pés da dona. Foi ganhando confiança e acabou a brincar ao lado das crianças que desenhavam. Foi muito bom envolver os animais nisto!
Muito obrigado a todas as crianças, professoras e público em geral. Foi um prazer!
Em Vera Cruz: